terça-feira, 9 de março de 2010

Não admito

Não admito e não quero ouvir mais:

Que as pessoas são subsídiorendimentomínimodependentes! Que ninguém que usufrua de um salário superior a 800/1000 euros ouse dizer isso à minha frente, sem nunca ter estado desempregada, sem nunca ter sabido o que é passar dificuldades (e dificuldades não implica deixar de ir comer uma vez fora por mês para reunir dinheiro para ir de férias).

Que as pessoas não querem é trabalhar! Que ninguém que tenciona dar a um empregado seu, o salário mínimo nacional, ou colocá-lo a falso recibo verde na sua empresa ouse, tente ou pense em dizer isso à minha frente.

Por vezes chegam  aqueles dias em que a gente rebenta de raiva e revolta quando ouve bem postos ou remediados na vida a bradarem que há aí um grupo de parasitas a viver à conta do Estado, um bando de preguiçosos que não sabem onde caír, que apenas sugam quem trabalha.

Não admito que façam pouco da pobreza. Não admito que desconfiem de gente a receber subsídio de desemprego de miséria e que recusam trabalho quando, feitas as contas, num emprego qualquer dado por um empresário de caca, pagando almentação e transporte, ainda ficam a receber menos do que quando subsidiados.

Por favor, não ousem, não tentem brandir espadas de bons trabalhadores e honestos à minha frente.


Virem-se para os empresários tacanhos deste país que preferem pagar ordenados de miséria ou pagar a falsos recibos verdes aos seus funcionários e vê-los como escravos ingratos, em vez de os verem satisifeitos e produtivos, apreciados e recompensados.

Não admito arrogâncias deste género de quem nunca se viu a viver com o rendimento mínimo ou com o subsídio social de desemprego. Sem casa e sem comida. Sem depósitos a prazo, Sem poupanças. Com lay-off e crises inventadas pelos manda chuvas para poderem salvaguardar a sua vivenda, o seu carrinho novo, as suas férias, o seu status.

Não admito. Se existem subsidiodependentes, do outro lado existem concerteza chupistasmilitantes. Acabem com o desprezo escondido e hipócrita pela pobreza, pelo drama de famílias que não sabem se amanhã vão conseguir sobreviver.

3 comentários:

  1. Adorei seu texto. Tem toda a razao, e por isso partilho da sua opiniao. Ainda bem que existem pessoas com carcter, que nao olham apenas para o seu umbigo. PARABENS.
    Pascoal Antunes
    Viana do Castelo

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  2. Sempre a tua coerência a impôr-se!
    Bravo.
    Beijos

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  3. Estou assim mais do que nunca, Olinda, e este texto já tem um tempinho. Beijinho para ti.

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